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MATA ATLÂNTICA

Por: Esther Barbosa

O que você sabe sobre a Mata atlântica?

  Geralmente só ouvimos falar que é um dos biomas que já foi muito destruído pela colonização e que resta muito pouco da vegetação, mas você sabia que a mata atlântica ainda tem bastante diversidade de fauna e flora? E também, na época da colonização portuguesa no Brasil o que atraía os imigrantes europeus era  a exuberância, a imponência e a riqueza da Mata Atlântica, que marcou profundamente a imaginação, e contribuiu para criar uma imagem de terra paradisíaca, onde os recursos naturais pareciam inesgotáveis.

  Essa Exuberância atraiu também Charles Darwin, que em sua viagem a bordo do Beagle, desembarcou no Brasil em 1832, e nas suas observações em seu diário, conforme consta no site da WWF Brasil, colocou que: “É fácil especificar os objetos de admiração nesses cenários grandiosos, mas não é possível oferecer uma ideia adequada das emoções que sentimos, entre maravilhados, surpresos e com sublime devoção, capazes de elevar a mente.”

DISTRIBUIÇÃO GEOGRÁFICA

  A Mata atlântica é um conjunto de ecossistemas que envolve tipos de florestas que são: Floresta Ombrófila Densa, Aberta ou Mista, Floresta Estacional Decidual ou Semidecidual. Hoje em dia, a floresta abrange toda a costa litorânea do Brasil e um pouco da costa do Paraguai e Uruguai, está em 17 estados brasileiros, sendo eles: Alagoas, Bahia, Ceará, Goiás, Mato Grosso do Sul, Minas Gerais, Paraíba, Paraná, Pernambuco, Piauí, Sergipe, Rio Grande do Norte, Rio Grande do Sul, São Paulo, Espírito Santo, Rio de Janeiro e Santa Catarina. Abrange também as bacias dos rios Paraná, Uruguai, Paraíba do Sul, Doce, Jequitinhonha e São Francisco.

  Na época da colonização sua extensão era de 1,3 milhões de Km, ocupando desde Uruguai até a o Rio grande do Norte, com faixas de largura variáveis, muito maiores do que é hoje, e era o segundo maior bioma do continente americano, perdendo somente para a Amazônia.

Distribuição da Mata Atlântica

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Mapa 1: Distribuição da Mata Atlântica. Fonte: WWF

SOLOS E RELEVO

  O solo e relevo são considerados selecionadores do ambiente, isso porque, a forma como se coloca o relevo e a consistência do solo influenciam na incidência do sol,  distribuição de recursos como água e nutrientes e consequentemente  influencia também na vegetação que irá dominar o espaço e a fauna que irá conseguir  adaptar-se naquele ambiente.

  Na Mata Atlântica o solo é pobre, bastante raso, sempre úmido, pouco ventilado e  com pH ácido, a topografia é bastante acidentada no interior da mata e devido à densidade da vegetação, e a luz é reduzida. Este bioma encontra - se sobre uma imensa cadeia de montanhas na costa litoral do Brasil, as montanhas mais antigas foram formadas por atividades tectônicas no Período Ordoviciano da Era Paleozóica, como é a Escarpa Devoniana, que encontra-se no Paraná, e é a maior unidade de conservação do estado, nesta unidade encontra-se o parque estadual do Guartelá, que é aberto a visitação.

  A mata Atlântica é formada de rochas magmáticas e rochas calcárias, os quartzitos sobressaem-se na paisagem, como é o caso do Morro do Jaraguá, em São Paulo. O solo raso e encharcado favorece a erosão, que é comum  na floresta atlântica, esse ciclo de de erosões das partes mais altas para a deposição de material nas partes baixas, promove a renovação do solo.

 

Escarpa Devoniana

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Fotografia da Escarpa Devoniana. Fonte: Flickr

Parque Estadual Guartelá

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Fotografia do parque estadual do Guartelá. Fonte Flickr

CLIMA

  O Clima das florestas são influenciados pela pluviosidade, temperatura e luminosidade, nesse bioma encontramos alta pluviosidade o que torna a floresta úmida, desse modo a Mata Atlântica é uma floresta que caracteriza - se como Tropical úmida, com temperaturas normalmente superiores a 15ºC, mantendo-se elevadas durante o ano todo e com rara ocorrência de geadas.

 O clima dessa floresta é influenciado pelas massas de ar vindas do oceano atlântico, assim, há microclimas, que influenciam cada região deixando a região do norte com clima equatorial  e quente temperado sempre úmida ao sul. Estudos feitos na região da mata atlântica mostram que por hectare ela possui a maior biodiversidade entre as florestas tropicais, isso deve-se também as suas condições climáticas, que favorecem a diversificação de espécies que estão adaptadas às diferentes condições topográficas de solo e umidade do ar. 

 

Climas do Brasil

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Figura 1 Climas do Brasil Fonte: Flickr

VEGETAÇÃO

  A vegetação da Mata Atlântica está relacionada com o clima, solo e relevo onde encontra-se, as  árvores mais altas tem sua copas próximas umas das outras, fechando a floresta parcialmente para entrada de luz, controlando a luz que irá atingir as árvores e as vegetações mais baixas. Desse modo, por falta de secagem pela luz, o solo consegue permanecer úmido na maior parte do tempo e com a decomposição das folhas mais altas, conseguem gerar nutrientes para sustentar o ecossistema.

  Essa Floresta possui 20 mil espécies de plantas, sendo 8 mil endêmicas, ela é caracterizada como ombrófila densa e algumas espécies endêmicas são: jabuticabeira (Myrciaria trunciflora),  goiabeira (Psidium guajava), o araçarana(Calyptranthes concinna), a pitangueira(Eugenia uniflora), o cajueiro (Anacardium occidentale) erva mate (Ilex paraguariensis), jequitibá-rosa(Cariniana legalis), pinheiro-do-paraná/Araucária (Araucaria angustifolia), os ipês - roxos (Handroanthus impetiginosus), a braúna (Melanoxylon brauna) e o pau-brasil (Paubrasilia echinata).

  As espécies de plantas e micro-organismos formam uma rede complexa de relações, então a extinção de um espécie pode prejudicar todo ecossistema.

 

Jabuticabeira

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Fotografia: Jabuticabeira Fonte: Flickr

Ipê-Roxo

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Fotografia: Ipê Roxo Fonte: Flickr

Pinheiro-do-Paraná

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Fotografia: Pinheiro do Paraná Fonte: Flickr

Jeqitibá

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Fotografa: Jequitibá Rosa Fonte: Flickr

FAUNA

  Toda vegetação de uma floresta é dependente da fauna, seja para dispersão de sementes e frutos, polinização, etc. Na Mata Atlântica, a relação entre plantas e fauna é harmônica, desse modo esse bioma é um dos mais ricos em espécies endêmicas, com uma diversidade bastante alta. Na mata podemos encontrar 261 espécies de mamíferos,1020 espécies de aves (destaca-se que as aves são muito bem adaptadas a esse bioma e diversas), 150 espécies de répteis, 370 espécies de anfíbios, 350 de peixes e dentre todas 567 são endêmicas.

  Apesar de apresentar bastante diversidade na fauna, os animais estão sempre visados de extinção na mata atlântica, sendo que, entre todos os grupos, as aves sofrem maior risco nesse Bioma pois possui 104 espécies de aves com risco de extinção, sendo o principal motivo a destruição de habitat e caça e comércio ilegal, um filme que retrata o sofrimento das aves com o contrabando é o filme “Rio” dirigido por Carlos Saldanha, esse filme conta a história da arara- azul de nome Blu, que é capturada por contrabandistas e vendida.

  Dentre as espécies endêmicas temos  micos-leões, a lontra, a onça-pintada, o tatu-canastra e a arara-azul-pequena, gambás, tamanduás, preguiças, antas, veados, cotias, quatis etc. 

 

Mico-leão-dourado

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Fotografia: Mico - Leão - Dourado (espécie endêmica na Mata Atlântica) Fonte: Flickr

Onça-pintada

Arara-azul

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Fotografia: Arara - Azul Pequena(espécie endêmica na Mata Atlântica) Fonte: Flickr

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Fotografia:Onça - Pintada Fonte: Flickr

DESMATAMENTO DA MATA ATLÂNTICA

  Você já deve ter visto em noticiários, jornais e/ou na mídia que estamos destruindo e devastando o planeta terra de uma maneira muito rápida principalmente nas últimas décadas, utilizando recursos naturais sem controle ou reposição, devastando florestas para desenvolvimento de cidades ou para o Agronegócio, e sempre nos vem à cabeça perguntas de como isso acontece? Esses dados são reais? Como minha ação pessoal influencia esses dados? 

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Gráfico do Desmatamento da Mata Atlântica ao longo do tempo. Fonte: INPE

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  Para responder as perguntas acima, vai aqui algumas informações retiradas do site WWF (World Wide Fund for Nature). A mata Atlântica encontra - se em 17 estados brasileiros, sendo eles  Ceará, Alagoas, Rio Grande do Norte, Rio de Janeiro, Espírito Santo, Paraíba, Pernambuco, São Paulo, Sergipe, Mato Grosso do Sul, Rio Grande do Sul,  Goiás, Minas Gerais, Paraná, Piauí, Bahia, Santa Catarina.  Originalmente, na época da colonização do Brasil a Mata Atlântica cobria 1.345.300 km², da costa atlântica do Brasil até o noroeste da Argentina, abrangendo a região oriental do Paraguai. Na atualidade 70% da população brasileira vive na região da Mata Atlântica e a floresta fornece 60% da água consumida pela da população brasileira. 

  No Brasil, a maioria dos Biomas já foram atingidos por algum tipo de devastação, um dos mais preocupantes biomas devastados é a Mata Atlântica, em que resta aproximadamente  12,5% da sua cobertura original, sendo um dos biomas mais ameaçados do planeta. A Mata Atlântica é caracterizada como floresta Ombrófila densa e ecossistemas associados como manguezais, campos, brejos, possui uma grande biodiversidade, com cerca de 20.000 espécies de árvores e arbustos correspondendo a 35% das espécies de vegetais do Brasil, também contém 1.020 espécies de aves e 298 espécies de mamíferos sendo 73 endêmicas dessa floresta, e 25 dessas endêmicas estão em certo nível ameaçadas de extinção. Isso representa a importância que ela exerce no clima, no fornecimento de água e conservação da vida e do solo nos lugares em que encontra-se.

  A destruição da Mata Atlântica deve - se à exploração, na época colonial, para a extração do pau brasil, da agricultura da cana de açúcar e café, da pecuária, extração de ouro,  madeira, carvão vegetal,e para produção de papel e celulose. Essa floresta sobrevive em meio a região mais desenvolvida e ocupada do país, sendo devastada por centro urbanos e pela agricultura, segundo estudos da SOS Mata atlântica de 2008 a 2010, a devastação desse bioma foi de quase 21 mil hectares, por isso é nosso dever conservar o que resta desta floresta e sua biodiversidade.

  Pensando em conservação, na próxima vez que você viajar de carro  olhe para o ambiente no decorrer da viagem e pergunte-se: “Quais espécies viviam aqui antes que essas fazendas e cidades invadissem este local? Onde as espécies nativas desse lugar vivem agora? como podemos colaborar com a conservação do Meio Ambiente?”

  Na Conferência da Terra realizada no Rio de Janeiro em 1992, e também no 5º Programa Europeu para o Ambiente e Desenvolvimento de 1993, desenvolveu -se a política de 5 Rs da sustentabilidade, que são um conjunto de medidas para manter obter- se uma sociedade mais sustentável aplicando - as no dia - a - dia, os 5 Rs são:

 

 Repense seus hábitos; 

Repensar o sistema de produção; repensar nosso consumo (eu realmente preciso comprar isso?).

• Reduza o descarte e consumo;

“Quando você compra um celular novo, o que faz como antigo? Você comprou esse aparelho suposto, por que o antigo já não funcionava mais, ou pela necessidade querer algo novo?”

Descarte o mínimo possível e diminua seu consumo, quando comprar algo, opte pelo de maior durabilidade.


 

• Reutilize e recicle para transformar em um novo produto;

“Será que posso utilizar essas folhas impressas erradas para um bloco de notas? Não teria alguém que gostaria de ter essa blusa que vou jogar fora? Essa garrafa poderia se tornar um lindo vaso.”

 

• Recuse aqueles que agridem o meio ambiente.

Aqui segue algumas dicas de como você em seu dia a dia pode tornar-se mais sustentável e contribuir para um planeta melhor: 

Desperdiçar menos água e alimento:

  1. Fechar torneiras ao escovar os dentes;

  2. Tomar banhos de até 15 min.;

  3. consuma frutas e verduras da estação, de preferência orgânicos;

  4. saiba a origem de seus alimentos;

Consumo consciente de energia elétrica:

  1. Apagar a luz ao sair dos ambientes;

  2. Não deixar luzes acesas desnecessariamente, ex.: Quando assiste um filme;

Gerar menos resíduos plásticos:

  1. Ao ir no mercado, utilizar caixas de papelão e/ou ecobag (sacola de pano) ao invés de sacolas plásticas;

  2. Não utilizar canudinho plástico;

  3. Reutilizar embalagens;

Dar destino correto ao lixo:

  1. O lixo orgânico pode ser utilizado como adubo para composteira (link para os videos escrito assim: Composteira é  um sistema que transforma seu lixo orgânico em húmus para uso de adubo dentro de sua própria casa ou apartamento.  Acesse aqui como fazer uma composteira caseira.

    2. Separe corretamente o lixo em: orgânicos (cascas de frutas e legumes, restos de comidas) e inorgânico (plásticos, papéis, vidros, latas, metais).

  NÃO JOGUE LIXO NO CHÃO;

Mobilidade:

  1. Prefira transportes públicos ou bicicletas;

  2. Visite áreas verdes, como parques e reservas;

  E além disso, preocupe - se como estado de desmatamento das florestas do nosso país, informe-se e envolva-se com Instituições de conservação do Meio Ambiente, como Instituto Socioambiental (ISA), Greenpeace, WWF-Brasil, ajude a preservar o futuro não só do país mas também do planeta.  E por fim, faça valer sua voz como cidadão crítico, eleja conscientemente seus governantes, apoie aqueles que abraçam a causa ambiental.

Terminamos por aqui...

Mas isso não é tudo, acesse o link abaixo para ir direto as atividades na página do aluno!

  REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

Instituto Brasileiro de florestas. Disponível em: <https://www.ibflorestas.org.br/bioma-mata-atlantica> Acesso em set/out de 2019

 

M. J. S. Santos; Heloísa T. R. de Souza; Rosemeri M. e Souza, Biomonitoramento através de indicadores ambientais abióticos – Mata do Junco (Capela-SE). Sergipe:Scientia Plena 3 (5):142-151 , 2007 

 

Ministério da Agricultura, pecuária e abastecimento. RESTAURACÃO DA MATA ATLANTICA EM ÁREAS DE SUA PRIMITIVA. Brasil: 2002.

 

ONU (Organizações das Nações Unidas). Disponível em: <https://nacoesunidas.org/agencia/onumeioambiente/>  Acesso em set/out de 2019

 

RESENDE, Mauro; LANI, João Luiz; REZENDE, Sérvulo B. PEDOSSISTEMAS DA MATA ATLÂNTICA: Considerações pertinentes sobre a sustentabilidade. Viçosa - MG: R. Árvore, 2002

 

ROCHA, Carlos F. D.; BERGALLO, Helena G.; SLUYS, Monique V.; ALVES, Maria A. S., JERKINS, Clinton. CORREDORES ECOLÓGICOS E CONSERVAÇÃO DA BIODIVERSIDADE: Um estudo de caso na Mata Atlântica. 

 

SCHWARZ, Maria L.; SEVEGNANI, Lúcia; ANDRÉ, Pierre. REPRESENTAÇÕES DA MATA ATLÂNTICA E SUA BIODIVERSIDADE POR MEIO DE DESENHOS INFANTIS. V. 13 Canadá: Ciência e Educação, 2007

 

Setur Tibagi. Disponível em: <https://tibagi.pr.gov.br/turismo/guartela.html>  Acesso em set/out de 2019

 

STEHMANN, João R.; FORZZA, Rafaela C.; SALINO, Alexandre; SOBRAL, Marcos; COSTA, Denise P.; KAMINO, Luciana H. Y. PLANTAS DA FLORESTA ATLÂNTICA. Rio de Janeiro: 2009


 

TABARELLI, Marcelo; PINTO, Luiz P.; MARIA, José C. S.; HIROTA, Márcia M.; BEDÊ, Lúcio C. DESAFIOS E OPORTUNIDADES PARA A CONSERVAÇÃO DA BIODIVERSIDADE NA MATA ATLÂNTICA BRASILEIRA. São Paulo: Megadiversidade, volume 1, julho de 2005

 

USP, MATA ATLÂNTICA. Disponível em: <https://www.ib.usp.br/ecosteiros/textos_educ/mata/fauna/fauna.htm> Acesso em ago/set/out de 2019.

WWF  (World Wide fund for nature). Disponível em: <https://www.wwf.org.br/natureza_brasileira/areas_prioritarias/mata_atlantica/>  Acesso em set/out de 2019

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