Por: Rodrigo Felipe
PANTANAL
Por: Rodrigo Felipe
A reserva da Biosfera!
Imagine você preparando uma vitamina, mas seus ingredientes não são apenas frutas, são biomas inteiros. Misture-os. E no final, acrescente bastante água. Esta é a receita do Pantanal: um pouco de Amazônia, um pouco de Cerrado, uma parte de Mata Atlântica e outra do Chaco boliviano. Seu relevo formado por uma das maiores planícies fica sujeito a alagamentos periódicos durante temporadas de chuvas que ocorrem entre outubro e março, já entre abril e setembro os volumes pluviais diminuem. Essas regiões de alagamentos são o que definem esse bioma, funcionando com um imenso reservatório de água doce e um grande berçário de biodiversidade.

Fonte: Filipe Frazão / Wikimedia Commons
DISTRIBUIÇÃO GEOGRÁFICA
Localizado na bacia do Alto Paraguai com distribuição entre o Mato Grosso, Mato Grosso do Sul e alcançando a fronteira com Paraguai e Bolívia (que lá é chamado de Chaco), o Pantanal é a maior região úmida do planeta. São cerca de 150.355 km² – 1,76% da área total do território brasileiro de acordo com o Ministério do Meio Ambiente (2004). Tanto a divisão geopolítica quanto a divisão fisiomorfológica (considerando os aspectos ecológicos) são utilizadas para delimitar o Pantanal, como feições de relevo, drenagem, solos e vegetação. Sete municípios no Estado de Mato Grosso ocupam 35,36% da área do pantanal, e nove municípios no Estado de Mato Grosso do Sul ocupam o restante da área (IBGE).
SOLO E RELEVO
Sabemos que o solo é um sistema em constante mudança desde a sua formação, um sistema dinâmico, ou seja, o solo evolui, se desenvolve e se forma de maneira contínua no ambiente em que está inserido. No Pantanal há dominância de solos hidromórficos (solos periodicamente com excesso de água), correspondente a 92,52% de toda a extensão do bioma de acordo com o Serviço de Levantamento e Conservação de Solos (SNLCS, EMBRAPA), porém também são encontrados solos arenosos e argilosos.
Esses solos foram formados a partir de fragmentos vindos de terrenos mais altos, que foram transportados pelos vários rios que cruzam as regiões. O processo de intemperismo pela água, ou seja, a ação da água sobre rochas e solos, permite a sedimentação aluvial, desgastando-os, gerando sedimentos que são transportados com o seu fluxo e posteriormente depositados em outro local. Esses depósitos de sedimentos acabam se sobrepondo com o passar dos anos e com a ajuda de fatores como temperatura, clima, microrganismos e ação química acabam gerando um novo solo.
O relevo é predominantemente formado por planícies, caracterizadas por extensas regiões planas de baixa altitude, formadas por deposição de sedimentos e que no caso do Pantanal, são frequentemente alagadas. Quando essas planícies estão alagadas, são formadas as baías caracterizadas por lagoas temporárias que acabam por abrigar diversas espécies de plantas aquáticas. Surgem pequenas áreas em volta das baías que não são inundadas, como se fossem bancos de areias com 1 a 3m de altura, que são conhecidas como cordilheiras, abrigando locais de matas e que servem como locais de abriga para a fauna e construções de ninhos.

Fonte: Acaia Pantanal - Adaptado. Disponível em:<http://acaia.org.br/pantanal/contexto/>
Caminho das águas
Baía

Cordilheira
Fonte: Adriano Gambarini/WWF-Brasil
FAUNA
A rica biodiversidade do Pantanal abriga diversas espécies, mesmo sua área sendo uma das menores em comparação com os outros biomas, são cerca de 3,5 mil espécies de plantas, 124 espécies de mamíferos, 463 espécies de aves e 325 espécies de peixes (ICMBio).
Considerado símbolo do Pantanal, o Tuiuiú (Jabiru mycteria) é a maior ave voadora da região, chega a ter 1,4m de comprimento e 1,60m de altura com um bico de 30cm. Quando com as asas abertas, pode chegar a ter 3m de envergadura (distância da ponta de uma asa a outra). Sua época de reprodução coincide com o período de baixa das águas, em que diversos peixes ficam presos nas baías, facilitando a alimentação. Seus ninhos são postos no alto das árvores, e a cada ano são utilizados os mesmos, apenas sendo colocado mais material para reforçar.
O maior felino das américas também se faz presente no Pantanal, a onça-pintada (Panthera onca), pode chegar a pesar 135kg sua importância se dá pelo fato de ser um indicador de saúde ambiental, como é um animal do topo da cadeia alimentar necessita de grandes áreas preservadas para sobreviver, assim a sua presença indica boas condições do ecossistema.
Como a característica do Pantanal é ser inundado, os peixes abrigam o maior número de diversidade de espécies. Ao todo são 263 espécies diferentes, algumas sendo proibidas de pesca, como o dourado (Salminus brasiliensis) e a Piracanjuba (Brycon orbignyanus). Uma das espécies que mais chama a atenção é o Jaú (Paulicea luetkeni), um bagre gigante que pode alcançar mais de 1,5m de comprimento e pesar mais de surpreendentes 100kg.

Tuiuiu (Jabiru mycteria). Fonte: Fernando Stankuns / Flickr
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Onça-pintada (Panthera onca). Fonte: Instituto Últimos Refúgios / Wikimedia Commons
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Dourado. (Salminus brasiliensis) Fonte: David Morimoto / Wikimedia Commons
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Fonte: Charles J Sharp / Wikimedia Commons
FLORA
Como abordado no início, o Pantanal por ficar próximo da Amazônia e cerrado acaba por se tornar um conjunto dessas diversas paisagens. Podemos dividir em quatro campos.
Próximo a margem dos rios a mata ciliar é mais robusta, com árvores maiores e vegetação pouco densa, onde são encontrados jenipapos, figueiras, palmeiras, pau-formiga.
Em áreas que que são pouco alagadas denominadas de campos, a vegetação é mais rasteira, com gramíneas e algumas flores que colorem o pantanal no período de baixa das águas. Os capões são as vegetações arbóreas de cerrado e mata, que formam ilhas nos campos.
Nas porções alagadas caraterizadas como baceiros ou batumes são encontradas as plantas aquáticas, que ficam flutuando, fixas ou submersas, como aguapé, sagitária, cabomba e vitória-régia.

Pau-formiga (Triplaris americana). Fonte: Mauro Halpern / Flickr

Aguapé (Eichhornia crassipes). Fonte: Alceu Mauro Denes / Wikimedia Commons
CLIMA
Clima pantaneiro é o Tropical sendo predominantemente quente e chuvoso. Os períodos de chuva e de seca são bem definidos, sendo o volume de chuvas muito maior no verão, enquanto o inverno é seco. O índice pluviométrico do Pantanal é de 1.110 mm por ano. As temperaturas anuais ficam em uma média de 21°C a 24°C, no verão a média passa para 34°C e no inverno 16°C.

Fonte: Como funciona o clima em Corumbá, no Pantanal. (2016). Disponível em:<https://ecoa.org.br/como-funciona-o-clima-em-corumba-no-pantanal-a-media-de-30-anos/>
AMEAÇAS
Mesmo ainda conservado se comparado com os outros biomas, 86% da sua cobertura natural ainda está preservada de acordo com a World Wide Fund for Nature (WWF), o Pantanal tem sua vulnerabilidade atacada.
O que dita o ritmo econômico da região é a atividade pecuária, que ocorre desde o século 18 quando foi introduzida pelos europeus representando mais de 65% da economia no Mato Grosso e Mato Grosso do Sul. Quando não praticada de forma responsável acaba por fazer o processo se tornar ainda mais maléfico para as condições de preservação por meio de queimadas e assoreamento de rios.
Em segundo lugar é a pesca que movimenta a atividade de mercado, de acordo com a Embrapa. Assim como a pesca esportiva que ocorre todos os anos durante os períodos de alagamento. Devido a essa atividade, a Policia Militar Ambiental e Florestal desenvolveu uma cartilha do pescador (acesse aqui a de 2019) para proteção dos recursos naturais, leis de proteção, espécies de peixes proibidas de pesca, locais permitidos e restritos e diversas outras informações para evitar o descontrole da pratica e conhecimento que em casos de infrações são aplicadas multas ao infrator.
Também existem outras inúmeras ameaças como resíduos sólidos urbanos e industriais, projeto de hidrovia cortando o Pantanal, uso inadequado e excessivo de pesticidas, assoreamento, queimadas entre outros.
Terminamos por aqui...
Mas isso não é tudo, acesse o link abaixo para ir direto as atividades na página do aluno!
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
ADRIANO, E.A; CECCARELLI, P.S; SILVA, M.R.M; MAIA, A.A.M. Prevalência, distribuição geográfica e sazonal de protozoários e mixozoários parasitos de jaú (Zungaro jahu) no Pantanal Matogrossense. Pesquisa Veterinária Brasileira. 2012. Disponível em:< http://dx.doi.org/10.1590/S0100-736X2012001200020>. Acesso em: 16 out. 2019
WWF. WORLD WIDE FUND FOR NATURE. Pantanal, proteção de espécies. Disponível em:<https://www.wwf.org.br/natureza_brasileira/areas_prioritarias/pantanal/nossas_solucoes_no_pantanal/protecao_de_especies_no_pantanal/onca_pintada/>. Acesso em: 20 out. 2019
WIKIAVES. Tuiuiú. Disponível em:<https://www.wikiaves.com.br/wiki/tuiuiu>. Acesso em: 23 out. 2019
EMBRAPA. Flora e paisagens do Pantanal. Disponível em:<https://www.embrapa.br/pantanal/flora-e-paisagens-do-pantanal>. Acesso em: 16 out. 2019
AGEITEC. Agencia Embrapa de Informação tecnológica. Formação do solo. Disponível em:<http://www.agencia.cnptia.embrapa.br/gestor/solos_tropicais/arvore/CONT000gn362j9v02wx5ok0liq1mqy0jc9b7.html>. Acesso em: 27 out. 2019
ACAICA. Contexto Pantanal. Disponível em:<http://acaia.org.br/pantanal/contexto/>. Acesso em: 16 out.2019
SILVA, João S. V; ABDON, Myrian M. Delimitação do pantanal brasileiro e suas sub-regiões. Pesquisa Agropecuária Brasileira, 1998. Disponível em:< https://seer.sct.embrapa.br/index.php/pab/article/view/5050>. Acesso em: 19 out. 2019
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